A aldeia de Almofrela, recebeu no passado dia 28 de maio, uma ação inovadora que juntou ciência, comunidade e agentes do território numa jornada dedicada à valorização dos recursos naturais e à construção de um plano territorial participado e subordinado ao tema “Processos no solo após um incêndio”.
Esta iniciativa, foi realizada no âmbito do projeto transfronteiriço PAISACTIVO e promovida pelo Município de Baião e pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e reuniu especialistas, representantes institucionais e agentes do território da Galiza e do Norte de Portugal.
A primeira parte, que envolveu técnicos do Município de Baião, da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, da Universidade de Santiago de Compostela e da Fundación Juan de la Vega, foi dedicada à sensibilização sobre os efeitos dos incêndios no solo, com sessões práticas e teóricas sobre o solo e as suas propriedades; técnicas de análise de solo e medidas de mitigação da degradação do solo;




Os participantes visitaram a aldeia, de modo a avaliar as suas idiossincrasias para melhor delinear estratégias de proteção dos ecossistemas locais, tendo encerrado a primeira parte deste encontro com a demonstração de boas práticas de mitigação, como o uso de mulching, uma técnica que consiste em cobrir o solo com materiais como palha, fibras, folhas ou casca de árvore, ajudando a manter a humidade, proteger as raízes, controlar ervas daninhas e regular a temperatura do solo.
STAKEHOLDERS LOCAIS REFLETIRAM SOBRE O FUTURO DE ALMOFRELA
Na segunda parte da iniciativa, realizou-se um encontro com stakeholders locais (partes interessadas), incluindo entidades municipais e supramunicipais, proprietários, agentes do sector agroflorestal, população residente, criadores de gado, agentes de proteção civil, técnicos e investigadores ligados à temática florestal e dos solos, entre outros atores deste território.
O objetivo foi auscultar as diversas perspetivas sobre o presente e o futuro da aldeia de Almofrela, através de uma troca de ideias dinâmica que teve como objetivo recolher contributos diretos da comunidade para a construção de um plano territorial modelo, integrando múltiplas perspetivas sobre o presente e futuro da aldeia.


















A metodologia seguiu várias rondas de reflexão, como o território em geral, no contexto do Norte de Portugal, o entorno da aldeia, como espaço produtivo e a aldeia em si, focando-se na gestão do espaço público, serviços, acessos, habitação, transportes e cadeias de valor locais.
Através de um brainstorming estruturado (troca de ideias), foram analisados os valores económicos, patrimoniais e ambientais do território, bem como os principais desafios e oportunidades enfrentados.
Esta dinâmica incluiu uma análise SWOT (Forças, Oportunidade, Debilidades e Ameaças), promovendo uma reflexão crítica que permitiu identificar os principais desafios e potencialidades do território.
Os participantes identificaram necessidades concretas e discutiram ações viáveis de intervenção, sempre com base no conhecimento empírico e no envolvimento direto com o território.
Entre os temas discutidos destacam-se a valorização dos recursos patrimoniais, económicos e ambientais; a identificação dos líderes e atores mais ativos no território; reflexão sobre os serviços existentes, mobilidade, usos do solo e dinâmicas produtivas e propostas para uma intervenção sustentável e adequada às necessidades locais.
O encerramento contou com três apresentações onde foram sistematizadas as contribuições dos participantes.
Estas servirão de base para a criação de um plano territorial modelo para Almofrela, que será um guião de intervenção elaborado em conjunto com a comunidade.
Este plano, produzido por académicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e da Universidade de Santiago de Compostela, pretende responder às reais necessidades da população e valorizar as especificidades locais, reforçando a ligação entre ciência, política pública e conhecimento tradicional e ancestral.
ANTIGA ESCOLA DE ALMOFRELA VAI SER ESPAÇO POLIVALENTE
No quadro deste projeto de cooperação transfronteiriça, está em curso a reconversão da antiga escola de Almofrela, situada na União de Freguesias de Campelo e Ovil, num novo espaço polivalente dedicado à coesão social e ao dinamismo comunitário. A área total da nova infraestrutura será de 278 m², mais do triplo da superfície útil anteriormente disponível.
Este equipamento funcionará como centro de acesso a serviços digitais e plataforma, com ligação à vila e à vizinha Serra da Aboboreira.
Integrado no “Plano Territorial Modelo da Aldeia de Almofrela”, o novo espaço assumirá um papel central como fórum de articulação entre diferentes níveis de intervenção, servindo também como local de trabalho e prestação de serviços diversos, tais como gestão e logística, bem como de disseminação de informação relevante para a população e para quem nos visita.
Adicionalmente, este centro desempenhará funções de acolhimento de visitantes, turistas, investigadores e demais interessados em conhecer tanto a aldeia como a Serra da Aboboreira.

PROGRAMA “CONDOMÍNIO DE ALDEIA” PROTEGE ALDEIAS LOCALIZADAS EM TERRITÓRIOS VULNERÁVEIS DE FLORESTA
Também em Almofrela, o Município de Baião está a efetuar uma intervenção, enquadrada no programa “Condomínio de Aldeia”.
Com o objetivo principal de valorização e salvaguarda das zonas rurais, através da promoção de uma gestão territorial sustentável e da mitigação do risco de incêndios florestais, este programa tem como objetivo reduzir o risco de propagação de incêndios, proteger pessoas, animais e bens, enquanto fomenta a biodiversidade.
Este programa insere-se numa abordagem territorial alargada, coordenada pela Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, que contempla também intervenções nas aldeias de Lameirão (Gôve) e Calvos (Loivos da Ribeira), bem como noutras povoações dos concelhos de Cinfães, Resende e Marco de Canaveses, num total de catorze localidades abrangidas.
As aldeias de Eiras (na União de Freguesias de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas), Ermida (na Freguesia de Valadares) e Outoreça (na União de Freguesias de Campelo e Ovil), irão também ser alvo de intervenção, encontrando-se neste momento em fase de candidatura.
O PAISACTIVO é um projeto cofinanciado pelo programa Interreg Espanha-Portugal – POCTEP (Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal) e reúne entidades parceiras de ambos os lados da fronteira, como o Município de Baião, a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, a Universidade do Porto, a Direção-Geral do Território, a Universidade de Santiago de Compostela, a Fundação Juana de Veja, o Município de Monterrei e a AGADER – Agência Galega de Desenvolvimento Rural, entidade que lidera o projeto.
Saiba mais sobre este projeto aqui .